1. O MUNDO SUBSTANCIAL INVISÍVEL E O MUNDO SUBSTANCIAL VISÍVEL
Já que o universo foi criado seguindo o modelo de um homem, que existe como imagem e semelhança das essencialidades duais de Deus, toda a existência, sem exceção, se assemelha à forma básica do homem, que consiste de mente e corpo (cf. parte I, Capítulo I, Seção I). Portanto, no universo existe não somente o mundo substancial visível, que se assemelha ao corpo humano, mas também o mundo substancial invisível, cujo modelo é a mente humana. Ao último damos o nome de mundo substancial invisível, porque não podemos percebê-lo com nossos cinco sentidos físicos, mas podemos percebê-lo com nossos cinco sentidos espirituais. O mundo invisível, como o mundo visível, é o mundo da realidade. Ele é de fato sentido e percebido através dos cinco sentidos espirituais. A estes dois mundos substanciais juntos damos o nome de "macrocosmo.
Assim como o corpo não pode agir sem um relacionamento com a mente, também o homem original da criação não pode agir sem um relacionamento com Deus. O mundo visível não pode desfrutar de seu valor de criação sem se relacionar com o mundo invisível. Da mesma maneira que não podemos entender o procedimento de um homem sem conhecer sua mente, nós realmente não conhecemos o significado fundamental da vida humana sem conhecer a Deus. Sem compreender o mundo invisível, não podemos conhecer de maneira perfeita o mundo visível. Portanto, o mundo invisível é o mundo subjetivo e o mundo visível é o mundo objetivo, sendo que o último funciona como uma sombra do primeiro (Hb 8.5). O homem, por ocasião de sua morte depois de sua vida no mundo visível, vai para o mundo invisível em um corpo espiritual, tendo se despido de sua "veste de carne" (Jó 10.11) e lá ele vive para sempre.
2. A POSIÇÃO DO HOMEM NO UNIVERSO
Primeiro, Deus criou o homem para ser o dominador do universo (Gn 1.28). O universo, exceto o homem, não tem a sensibilidade interna para com Deus. É por isso que Deus não domina o mundo diretamente, mas criando o homem de tal forma a ter toda sensibilidade para com o universo, Deus permite que ele governe o universo diretamente.
Ao criar o homem, Deus criou sua carne com os ingredientes tirados da água, da terra e do ar, os quais eram os principais elementos do mundo visível. Deus fez isto para possibilitar ao homem sentir e ter domínio sobre este mundo. Ele criou o homem espiritual com elementos espirituais para possibilitar-lhe sentir e dominar o mundo invisível. No Monte da Transfiguração, Moisés, que tinha morrido há mais de 1600 anos, e Elias, que tinha morrido há mais de 900 anos, apareceram a Jesus (Mt 17.3). Estes eram, de fato, os espíritos de Moisés e Elias. Somente o homem, que é formado tanto de carne como espírito, o que lhe possibilita dominar os mundos visível e invisível, pode ser o dominador dos dois mundos.
Segundo, Deus criou o homem para ser o mediador e o centro de harmonia no universo. Quando a carne e o espírito do homem, tornando-se um através da ação de dar e receber entre si, põem-se como objeto substancial de Deus, os mundos visível e invisível também se tornam objeto de Deus, unindo-se através da ação de dar e receber centralizada no homem. Desta forma, o homem é o mediador e centro de harmonia entre os dois mundos. Por isso, o homem é como o ar que faz com que um diapasão possa ressoar. Já que o homem foi criado para comunicar-se com o mundo invisível, ele deve refletir tudo o que acontece no mundo do espírito.
Terceiro, Deus criou o homem como o microcosmo substancial do todo. Deus primeiro criou o universo pelo desenvolvimento, em substância, do caráter e da forma do homem. Por isso, o homem espiritual é a encapsulação substancial do mundo invisível, já que Deus criou o mundo invisível como o desenvolvimento substancial do caráter e da forma do homem espiritual. Da mesma maneira, o homem físico é a encapsulação substancial do mundo visível, já que Deus criou o mundo visível como o desenvolvimento substancial do caráter e da forma do homem físico. Conseqüentemente, o homem é um microcosmo, a encapsulação do macrocosmo total.
Por causa da queda do homem, porém, toda a Criação perdeu seu dominador. Lemos em Romanos 8.l9 que a Criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus (homens restaurados da natureza original). Romanos 8.22 continua dizendo que "toda a Criação geme e está juntamente com dores de parto. O motivo é que a ação de dar e receber entre os mundos visível e invisível foi cortada devido à queda do homem, fazendo-os incapazes de se unirem, já que o homem devia ser seu mediador e centro de harmonia.
Jesus veio como um homem aperfeiçoado em carne e espírito. Por isso, ele era o microcosmo substancial do todo. É por isso que a Bíblia diz que Deus colocou todas as coisas sob os pés de Cristo (I Co l5 . 27). Jesus é nosso salvador. Ele veio ao mundo com a finalidade de aperfeiçoar os homens decaídos, esforçando-se para que se unissem a ele.
3. O RELACIONAMENTO ENTRE O HOMEM FÍSICO E O HOMEM ESPIRITUAL
(1) A Estrutura e a Função do Homem Físico
O homem físico consiste das essencialidades duais, mente física (sujeito) e corpo físico (objeto). A mente física possibilita ao corpo físico funcionar em atividades físicas, como a existência, a multiplicação e a proteção. O instinto do animal corresponde à mente física. Para que o corpo físico possa crescer em boa saúde, deve absorver ar e luz, os quais são o nutrimento invisível de natureza positiva, tirando ao mesmo tempo de todas as coisas os elementos materiais, que são o nutrimento visível de natureza negativa. Todos estes devem desempenhar uma perfeita ação de dar e receber através da circulação do sangue.
O bem ou o mal na conduta do homem físico traz uma influência ao homem espiritual, para torná-lo bom ou mau. O motivo é que o homem físico fornece um determinado elemento ao homem espiritual, ao qual damos o nome de "elemento de vitalidade". Em nossa vida diária, sabemos que nossa mente se alegra quando nosso corpo faz uma boa ação, mas sente angústia depois de uma conduta má. O motivo é que o elemento de vitalidade que pode ser bom ou mau de acordo com as ações do homem, é introduzido em nosso homem espiritual.
(2) A Estrutura e Função do Homem Espiritual
O homem espiritual, que existe como um ser substancial invisível, foi criado para ser um sujeito para com o homem físico e para ser sentido e percebido apenas através de nossos sentidos espirituais. Através do homem espiritual podemos nos comunicar diretamente com Deus e ter domínio sobre o mundo invisível, incluindo os anjos. Nosso homem espiritual é idêntico em sua aparência ao nosso homem físico e vive por toda a eternidade no mundo invisível, depois de sair do corpo físico. O homem deseja viver para sempre, porque ele tem em si mesmo o homem espiritual, que possui uma natureza eterna.
Este homem espiritual é formado das essencialidades duais de mente espiritual (sujeito) e o corpo espiritual (objeto). A mente espiritual é a parte central do homem espiritual, na qual Deus pode habitar. Nosso homem espiritual cresce através da ação de dar e receber entre o "elemento de vida" (positivo), proveniente de Deus, e o "elemento de vitalidade" (negativo), proveniente do homem físico. O homem espiritual não somente recebe o elemento de vitalidade do homem físico, mas também envia de volta um certo elemento, ao qual damos o nome de "elemento espiritual vivo". Verificamos que um certo homem, influenciado por um outro espírito mais alto, poderia sentir infinita alegria, como também o nascer de uma nova força dentro de si mesmo, ao ponto de possibilitar a ele curar uma doença crônica. Tais fatos ocorrem porque o homem físico recebe o elemento espiritual vivo do homem espiritual. Além disto, o homem espiritual só pode crescer no solo do homem físico. Por isto, o relacionamento entre o homem espiritual e o homem físico é como o que existe entre o fruto e a árvore. Quando a mente física responde aos desejos da mente espiritual, o homem físico age de acordo com a finalidade da mente espiritual. Então o homem físico recebe do homem espiritual elemento espiritual vivo. Isto traz bons sentimentos e energia ao homem físico. De modo semelhante, o homem físico, ao devolver um elemento de vitalidade sadio ao homem espiritual, traz-lhe uma influência para que ele cresça normalmente na direção do bem.
A verdade nos ensina o que a nossa mente espiritual deseja. Quando o homem vem a compreender, através da verdade, o que nossa mente espiritual deseja, e quando, colocando isto em prática, realiza sua porção de responsabilidade, então o elemento espiritual vivo e o elemento de vitalidade entram na ação de dar e receber para a finalidade do bem. O relacionamento entre o elemento espiritual vivo e o elemento de vitalidade correspondem ao relacionamento entre caráter e forma. Devido ao fato do elemento espiritual vivo estar sempre funcionando em todo indivíduo, sua mente original sempre se inclina para o bem, mesmo numa pessoa má. Contudo, a menos que o homem tenha uma boa vida, nem mesmo o elemento espiritual vivo poderá fazer coisa alguma para o melhoramento do homem físico. Além disto, não poderá também desfrutar de uma ação de dar e receber normal com o elemento de vitalidade. De modo semelhante, nosso homem espiritual só pode ser aperfeiçoado através de nossa vida física na terra.
Nosso homem espiritual deve aperfeiçoar-se pelo crescimento gradual através dos três estágios ordenados juntamente com nosso homem físico, centralizando-se na mente espiritual, de acordo com o Princípio da Criação. Um homem espiritual que está no estágio de formação é chamado "espírito de forma"; no estágio de crescimento, "espírito de vida" e no estágio de aperfeiçoamento, "espírito divino".
Quando o nosso homem espiritual e o homem físico estabelecem o fundamento de quatro posições pelo desempenho de uma perfeita ação de dar e receber, centralizando-se em Deus, fazendo assim um só corpo unido, o homem espiritual se torna um "espírito divino". Neste nível, o homem espiritual pode sentir e perceber tudo no mundo invisível. Já que todos os fenômenos espirituais assim percebidos pelo nosso homem espiritual são refletidos e ecoados em nosso homem físico, apresentando-se como fenômenos físicos, o homem finalmente vem a sentir fenômenos espirituais, até mesmo com os seus cinco sentidos físicos. O Reino de Deus no Céu é o lugar para onde vão os espíritos, a fim de lá viverem eternamente, depois de saírem de seus corpos físicos, depois de terem terminado sua vida física no Reino de Deus na Terra. O Reino de Deus no Céu pode ser realizado somente depois da realização do Reino de Deus na Terra.
A sensibilidade do nosso homem espiritual deve ser cultivada através do relacionamento recíproco com o homem físico durante sua vida física na Terra. Por isso o homem deve aperfeiçoar-se na Terra e aí experimentar o perfeito amor de Deus na Terra, para que seu homem espiritual experimente o perfeito amor de Deus no mundo substancial invisível depois de sua morte física. Assim, o caráter e a qualidade do homem espiritual são formados durante nossa vida terrena. O agravamento do mal no espírito de um homem decaído é devido à sua conduta pecaminosa durante sua vida terrena. De modo semelhante, o melhoramento do homem espiritual decaído se origina apenas através da redenção dos seus pecados durante sua vida física na Terra. Foi este o motivo pelo qual Jesus veio à Terra na carne a fim de salvar a humanidade pecaminosa. Por isso, devemos ter uma boa vida na Terra. Jesus deu a chave do Reino do Céu para Pedro (Mt l6. l9), e disse que tudo o que for ligado na Terra será ligado no Céu e tudo o que for desligado na Terra, será desligado no Céu (Mt l8.18), porque a finalidade primária da providência da salvação tem que, primeiro, ser realizada na Terra.
A destinação do homem espiritual é decidida por seu próprio homem espiritual, não por Deus. Originalmente, o homem foi feito de tal modo que, depois de sua perfeição, pudesse respirar o amor de Deus perfeitamente. Se um homem espiritual é incapaz de respirar este amor perfeitamente, por causa de sua conduta pecaminosa, ele sente dor quando se encontra diante de Deus, que é o sujeito do amor perfeito. Conseqüentemente, tal espírito vai automaticamente para o inferno, que é o mais distante lugar do amor de Deus. Além disso, a multiplicação do homem espiritual ocorre simultaneamente com a multiplicação do homem físico, através da vida física do homem, porque o homem espiritual foi criado para crescer somente no solo do homem físico.
(3) A Mente Humana do Ponto de Vista do ReIacionamento entre Mente Espiritual e Mente Física
O relacionamento entre a mente espiritual e a mente física é semelhante ao que existe entre caráter e forma. Quando as duas se tornam unidas, através da ação de dar e receber centralizando-se em Deus, o homem espiritual e o homem físico naturalmente se tornam uma só unidade harmoniosa. Esta ação de dar e receber entre a mente espiritual e a mente física produz um corpo unido - a mente humana -, que dirige o indivíduo para a realização da finalidade da criação.
O homem passou a ser ignorante com respeito a Deus, por causa da queda. Ele também se tornou ignorante com respeito ao padrão absoluto do bem. Mas, de acordo com a natureza original da criação, a mente humana sempre leva o homem para aquilo que julga ser bom. Esta força diretiva se chama consciência humana. Contudo, o homem decaído, sendo ignorante com respeito ao padrão absoluto do bem, não pode estabelecer o padrão absoluto da consciência. Conforme varia o padrão do bem, varia também o padrão da consciência, e isto causa freqüente conflito, mesmo entre aqueles que advogam uma vida conscienciosa. A parte da mente humana que corresponde ao caráter, que sempre leva o homem para o padrão absoluto do bem, é chamada "mente original" e, a que corresponde à forma, é chamada "consciência".
Por isso, quando o homem, devido à ignorância, estabelece um padrão de bem diferente daquele da natureza original da criação, a consciência humana se dirige para aquele padrão; mas a mente original o rejeita e procura modificar a direção da consciência para o padrão da mente original. Quando a mente espiritual e a mente física, que estão sob o cativeiro de Satanás, formam uma só unidade através da ação de dar e receber, o desenvolvimento do homem para a direção do mal é acelerado. Chamamos esta unidade de "mente má".
A mente original e a consciência do homem repelem a mente má e dirigem o homem para o bem, ajudando-o a separar-se de Satanás e a apresentar-se diante de Deus.